quarta-feira, 31 de outubro de 2007

As Palavras




São como um cristal,


as palavras.


Algumas, um punhal,


um incêndio.


Outras,


orvalho apenas.


Secretas vêm,


cheias de memória.


Inseguras navegam:


barcos ou beijos,


as águas estremecem.


Desamparadas, inocentes,


leves.


Tecidas são de luz


e são a noite.


E mesmo pálidas


verdes paraísos lembram ainda.


Quem as escuta? Quem


as recolhe, assim,


cruéis, desfeitas,


nas suas conchas puras?






Eugénio de Andrade

Sem comentários: